O Guia Completo para Investir em Bonds

Investir é uma forma de fazer o seu dinheiro trabalhar para você. No entanto, muitas pessoas estão acostumadas a investir apenas em ativos brasileiros e, com isso, acabam deixando de aproveitar oportunidades no mercado internacional. Uma opção interessante para diversificar sua carteira de investimentos são os bonds.

Neste guia completo, vamos explorar o que são bonds, como funcionam, os tipos disponíveis e como investir neles. Além disso, abordaremos os riscos e vantagens dessa modalidade de investimento e como eles se comparam ao Tesouro Direto. Se você está em busca de novas oportunidades para aumentar seus rendimentos, continue lendo e descubra tudo sobre os bonds.

O que são Bonds?

Bonds é a denominação genérica para títulos de renda fixa negociados no exterior, tanto públicos como privados. Eles representam uma forma de empréstimo, em que um governo ou uma empresa emite esses títulos no mercado e se compromete a devolver o valor investido com juros em um prazo determinado.

No Brasil, os títulos de renda fixa existentes no mercado, como os do Tesouro Direto e as debêntures emitidas por empresas, são exemplos de investimentos semelhantes aos bonds. No entanto, os bonds oferecem uma oportunidade de diversificação para investidores acostumados a aplicar apenas em ativos brasileiros.

Uma das principais vantagens de investir em bonds é a possibilidade de ampliar seu universo de opções de investimento. De acordo com um levantamento da XP, o estoque de bonds nos Estados Unidos em 2021 era de US$ 32,6 trilhões, enquanto no Brasil esse valor era de apenas R$ 6,3 trilhões. Além disso, o mercado de bonds é extremamente líquido, o que significa que é mais fácil e vantajoso vender esses títulos no mercado secundário, sem precisar esperar pelo vencimento.

Como funcionam os Bonds?

A dinâmica dos bonds é semelhante à dos títulos de renda fixa do Brasil. Quando um governo ou uma empresa precisa de recursos para financiar sua dívida ou realizar investimentos, eles emitem títulos no mercado. Esses títulos são comprados por investidores e possuem um prazo de pagamento determinado, acrescido de juros.

A taxa de juros desses títulos é determinada pelo risco de crédito do emissor. Quanto maior a possibilidade de calote, maiores são as taxas de juros. As agências internacionais de classificação de risco, como Moody’s, Fitch e S&P, atribuem notas aos bonds, que variam desde “grau de investimento” (mais seguros) até “default” (calote). Além disso, o prazo também influencia na precificação dos títulos.

Os títulos do Tesouro americano, conhecidos como Treasuries, são considerados os bonds de menor risco e os investimentos mais seguros do mundo. Eles servem como referência para as emissões privadas.

O investidor pode optar por esperar o vencimento do bond para receber o valor de face, ou seja, nas condições estabelecidas na hora da contratação. No entanto, também é possível vender o título no mercado secundário. Esses títulos podem ser negociados em bolsa ou no mercado de balcão.

Como investir em Bonds?

Existem diferentes formas de investir em bonds a partir do Brasil. Uma delas é por meio de fundos de investimentos em renda fixa internacional oferecidos por diversas gestoras. Esses fundos investem em bonds e podem ser encontrados nas plataformas de negociação de corretoras e bancos.

Outra opção são os ETFs (Exchange Traded Funds) de renda fixa internacional. No Brasil, existem dois ETFs listados na B3: BNDX11 e USDB11. Esses fundos seguem um índice específico e permitem aplicações a partir de valores pequenos. Os ETFs são opções baratas de investimento, com baixas taxas de administração.

Além disso, é possível investir em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs de renda fixa. Esses recibos são negociados na B3 e representam cotas de ETFs listados no exterior. Os BDRs e ETFs podem ser comprados nas plataformas de negociação de corretoras e bancos, assim como ações.

Outra forma de investir em bonds é diretamente no exterior. Corretoras e bancos brasileiros oferecem a possibilidade de abrir contas internacionais em suas próprias plataformas. Por meio dessas contas, é possível investir em bonds de crédito privado emitidos por empresas do Brasil, Estados Unidos e outros países da América Latina.

Cada corretora ou banco possui suas próprias regras e valores mínimos de investimento em bonds. A XP, por exemplo, oferece mais de 30 opções de bonds de crédito privado, com um valor mínimo de investimento de US$ 5 mil. Já a Avenue oferece títulos do Tesouro americano, como T-bills, T-notes e T-bonds, com um investimento mínimo de US$ 50 mil.

Tipos de Bonds

Existem diferentes tipos de bonds disponíveis no mercado internacional. Entre eles, destacam-se os seguintes:

  • T-bills: São títulos do Tesouro dos EUA com prazos de vencimento que variam de um mês a um ano. Os juros são pagos no vencimento.
  • T-notes: São títulos do Tesouro dos EUA com prazos de vencimento que variam de dois a dez anos. Os juros são pagos semestralmente.
  • T-bonds: São títulos do Tesouro dos EUA com prazos de vencimento de 20 ou 30 anos. Os juros também são pagos semestralmente.
  • Tips: São títulos do Tesouro dos EUA que oferecem proteção contra a inflação. Além de uma taxa prefixada, esses títulos cobrem a variação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI). Os juros são pagos semestralmente e os prazos de vencimento variam de cinco, dez ou 30 anos.

Além desses, existem também os Eurobonds, que são títulos internacionais emitidos e negociados em um mercado específico, mas denominados em moeda diferente da do país de emissão. Por exemplo, uma empresa brasileira pode emitir bonds em dólar na Europa. Já os Global Bonds são títulos que podem ser emitidos em mais de um mercado e denominados na moeda de um dos países de emissão. Por exemplo, uma empresa brasileira pode emitir títulos em dólar simultaneamente nos Estados Unidos e no Japão.

Qual o valor mínimo para investir em Bonds?

O valor mínimo para investir em bonds varia de acordo com o produto e a corretora utilizada. Na XP, por exemplo, o valor mínimo de investimento em bonds é de US$ 5 mil. Já na Avenue, o investimento mínimo em títulos do Tesouro americano é de US$ 50 mil. É importante verificar as regras e valores mínimos de cada corretora antes de investir.

Bonds ou Tesouro Direto: Qual é a melhor opção?

Ao comparar os bonds com o Tesouro Direto, é importante levar em consideração os níveis de inflação e as taxas de juros. No momento atual, janeiro de 2023, tanto os títulos do Tesouro americano quanto os do Tesouro brasileiro oferecem taxas atrativas, que dificilmente serão repetidas no curto prazo.

Embora as taxas de juros nos Estados Unidos estejam historicamente altas, elas ainda são mais baixas do que a Selic no Brasil. Isso significa que os títulos do Tesouro brasileiro oferecem um retorno maior. No entanto, investir em Treasuries é indicado para quem busca aplicar em uma moeda forte, como o dólar, e tem interesse na segurança do mercado americano, mesmo com retornos mais baixos.

Por outro lado, os títulos do Tesouro brasileiro oferecem taxas de juros mais altas, principalmente os títulos prefixados. Em janeiro de 2023, por exemplo, esses títulos pagavam juros acima de 13% ao ano. Além disso, os títulos brasileiros atrelados à inflação também oferecem retornos atrativos, com pelo menos 6% de retorno real em juros.

Portanto, a escolha entre bonds e Tesouro Direto depende do perfil do investidor. Quem busca diversificação em moeda e mercado, segurança e um retorno real sobre o investimento pode se beneficiar dos bonds. Já quem está disposto a correr mais riscos e obter retornos mais altos pode optar pelo Tesouro Direto.

Riscos e vantagens de investir em Bonds

Como em qualquer investimento, investir em bonds envolve riscos e vantagens. No caso dos bonds, quando se trata dos títulos do Tesouro americano, o risco de calote é considerado zero. No entanto, em títulos emitidos por empresas, o risco depende do emissor. É importante consultar a classificação de risco da companhia e seu histórico para avaliar o risco de crédito.

Além do risco de crédito, há também o risco de mercado. O preço dos bonds pode oscilar ao longo do tempo no mercado secundário. No entanto, nos Estados Unidos, esse risco é menor do que no Brasil, devido à alta liquidez do mercado de bonds.

Para investidores brasileiros, há também o risco cambial. Como os bonds são cotados em moedas estrangeiras, principalmente o dólar, eles estão sujeitos à variação do câmbio. Isso significa que há risco de redução de ganhos e até mesmo de perdas em caso de desvalorização da moeda americana. Por outro lado, se o dólar se valorizar, os ganhos podem ser maiores.

As vantagens de investir em bonds incluem a possibilidade de retorno real sobre um investimento em moeda forte, a segurança e robustez do mercado dos EUA, além da liquidez. Os bonds também oferecem diversificação em termos de moeda e mercado, o que pode proteger o investidor de incertezas e oscilações do mercado brasileiro.

Tributação dos Bonds

É importante estar ciente da tributação dos bonds, principalmente para investimentos no exterior. No Brasil, incide Imposto de Renda sobre os ganhos de capital na venda de ativos como bonds e ETFs, mas somente se as vendas dentro de um mesmo mês superarem R$ 35 mil. O ganho de capital é a diferença entre o valor de compra e o de venda. Caso haja prejuízo, não há cobrança de imposto.

Acima das vendas de R$ 35 mil, as alíquotas do Imposto de Renda variam de 15% a 22,5%, dependendo do valor do ganho de capital. Já os rendimentos dos juros dos bonds são tributados de forma progressiva, seguindo a tabela do IR. É importante ressaltar que não há faixa de isenção para esses rendimentos.

Nos Estados Unidos, os dividendos pagos por ETFs têm uma alíquota de 30% de imposto na fonte. Já no Brasil, os dividendos pagos por BDRs são tributados de acordo com a tabela progressiva do IR, que varia de acordo com a faixa de renda. Além disso, os fundos de investimento disponíveis no Brasil que investem em renda fixa internacional são tributados pela tabela regressiva de IR, com alíquotas de 22,5% a 15%, dependendo do prazo de aplicação.

Diferença entre Bonds e Debêntures

Os bonds corporativos são semelhantes às debêntures existentes no Brasil. No entanto, nos Estados Unidos, todas as debêntures são consideradas bonds, embora nem todos os bonds sejam debêntures. No Brasil, o termo debênture é usado especificamente para designar títulos corporativos.

Conclusão

Os bonds oferecem uma excelente oportunidade de diversificação para investidores acostumados a aplicar apenas em ativos brasileiros. Com um amplo universo de opções de investimento, liquidez e a possibilidade de retorno real sobre um investimento em moeda forte, os bonds podem ser uma alternativa interessante para aumentar seus rendimentos.

No entanto, é importante estar ciente dos riscos envolvidos, como o risco de crédito, risco de mercado e risco cambial. Além disso, é necessário entender a tributação aplicada aos bonds, tanto no Brasil quanto no exterior.

Antes de investir, é fundamental realizar uma análise cuidadosa e buscar o auxílio de profissionais especializados. Com as informações deste guia completo, você está preparado para dar os primeiros passos no mundo dos bonds e aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mercado internacional. Invista com consciência e diversifique sua carteira de investimentos para alcançar seus objetivos financeiros.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Os títulos de renda fixa são isentos de risco?

Não, os títulos de renda fixa têm riscos, incluindo o risco de crédito e o risco de taxa de juros.

Qual é a diferença entre títulos do governo e títulos corporativos?

Títulos do governo são emitidos pelo governo federal e geralmente são considerados mais seguros. Títulos corporativos são emitidos por empresas e apresentam maior risco.

Posso perder dinheiro investindo em títulos de renda fixa?

Sim, é possível perder dinheiro, especialmente se você vender os títulos antes do vencimento e os preços estiverem abaixo do valor de compra.

Quais são os benefícios de investir em fundos de títulos?

Investir em fundos de títulos oferece diversificação instantânea e gestão profissional, além de permitir o acesso a uma variedade de títulos.

Quais são os passos iniciais para investir em títulos de renda fixa?

Comece definindo seus objetivos, pesquisando opções, diversificando sua carteira e monitorando o desempenho dos títulos.

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